Ata da VII Reunião do Club du Livre

Mês dos Perdedores (Setembro)

Livro: História do Pranto, de Alan Pauls > média 7.53

Desfalques: Redbee, Pernanda, Théo e Nina

Perdoem a escrita demasiado saturnina. Esta ata será em terceira pessoa, em consonância com o livro do mês, História do Pranto. Aquela nova e velha reflexão machadiana e começar estas memórias pelo início ou pelo fim também calhou.

“Estão todos do avesso como uma luva”, constatou Danessa em algum momento da noite. Aquela noite de domingo, último domingo do inverno, tinha um brilho oculto.  Nem parecia que era o mês dos perdedores. Mesmo com a ausência de Pernanda a sensualidade e paudurescência estiveram presentes. Voltando ao início: Os membros entram pela porta da frente produzindo confusão para daltônicos, com seus trajes verdes ou vermelhos, exceto Rimkus e Fred. Este causa espanto com seu terno marrom-cueca.

Enquanto o clã não está completo, Mlle. Chanti  pede conselhos em relação a seu órgão vestigial. Todos já viram Chantal nua e sabem que ela tem uma cauda dos tempos que era Atlante. Pat pergunta a príncipe se ela incomoda durante o sexo anal e ele diz que não.

O ambiente está mais boêmio que de costume. Théo e Nina dormindo.  Mesa com cerveja, salgadinhos e pães recheados. O de queijo com sementes de papoula feito pela mãe da Pat. As duas fazem as pazes após um fim-de-semana sem se falarem. E Carlos Henrique Lúcifer parte o parte o pão.

De repente as pessoas lembram-se que estão lá reunidas para tratar do livro História do Pranto, de Alan Pauls. Rimkus diz que escolheu o livro por pressão do casal Kling. Queria escolher O Silêncio, da lusitana Teolinda Gersão. Danessa diz que o livro é lindo. Fred diz que gostou da escolha porque já havia lido.

Lúcifer quer dar uma de acadêmiCU e quer discutir o porquê do livro se chamar História do Pranto. Danessa lembra-o que estamos no Club du Livre, e não no Roda Viva, caralho. E imita a Gabi Gabriherpes. Lúcifer está mais bobo que de costume e há um motivo: É síndrome de Asperger é porque está namorando!!! S2 S2 S2

Príncipe diz que leu 60% do livro e Mlle. Chanti não leu porque vossa alteza estava empatando o livro.  Alguns dizem que “O livro é curto e nem por isso fácil”. “Há um tom de ensaio”. Unânime mesmo foi o “Me perdi”. Pelo menos dessa vez Fred não ficou reclamando. É melhor um livro que todos odeiem que um livro que Fred odeie. A imperatriz do Club disse gentilmente para quem se queixou do livro “Vai se fuder e faz melhor”. Dentre os trechos favoritos estão os testículos, Super-Homem e o pé na bunda da empanada Chilena.

E vem Lúcifer novamente querendo ser coolt com seus adendos, dizendo que o livro lembra um filme Luana, Leona, sei lá que porra. Inventou qualquer coisa que obviamente ninguém conheceria. Danessa diz que Marcos não gostou porque não tinha figuras (somente nas contracapas). Ele replica que o ponto problemático foi a identificação com o personagem. Marcos e Pat gostaram do começo do livro, acharam que tinha um potencial, mas depois acharam o protagonista um puta chato. MAS ELE É UMA CRIANÇA! – Protesta Danessa.

Príncipe mostra para que veio e mostra a verdadeira intelectualidade FFLCHiana, discursando sobre a fantástica analogia do Super-Homem para a criança.

Quase todos concordam que o livro perde força no final. Danessa está disposta a tirar a roupa para que todos concordem que o livro é muito muito bom. Começam a falar de fluidos. “Rola uma fluidez”- diz Fred. “A partir da página 55”- completa Lírian. O assunto chega em paternidade, paternalidade, paternalismo: A cena do protagonista fugindo de seu pai. “Mas pai é assim mesmo”- afirma Danessa. Lembram-se do quanto os pais gostam de falar dos filhos. “Filhos são resultado da relação arrependida” foi mais uma citação de efeito. Lírian não quer ser mãe igual àquela por ter nojo de vômito.

Danessa pára tudo para falar que sente cheiro de pêssego, manga ou suco. Inicia-se uma espécie de teste de Rohrschach olfativo. Para Fred o cheiro é de enxofre que emana dele próprio. Mas era apenas o spray glade frescor X borrifando incessantemente.

Rimkus ameaça um créu velocidade 5 em quem escolher um livro pior que Fred. Lúcifer, como bom habitante do inferno, diz que gelo está terminantemente proibido. Rimkus quer a todo custo sair do mês dos perdedores e propõe que quem escolher o livro com a pior média em 2010 será o encarregado do mês dos perdedores de 2011. Redbee é colocada no paredão após tantas faltas. Por falar em periquitas ruivas, Pat lembra-se que tem uma amiga estoniana ruiva que é muito gostosa e mostra fotos dela no fb.

É hora de dar nota na namorada de Lúcifer no livro. Fred está hipnotizado pela estoniana. Pat está no colo de Van e anuncia que a média é 7.53. Kling, Alvim e Rimkus pedem recontagem e ficam muito pês da vida quando veem que há duas notas cinco.

Patrícia dá um presente ao Club: Um baralho Kama Sutra. Comprou-o no Sex Shop que sua amiga abriu: Rebolation Sex Shop: Melhore você também o seu rebolation-tion. Cada um tira uma carta do baralho e tenta se autovisualizar fazendo a pose com o negão do baralho.

O telefone toca. Não é a Pri, é a Redbee. Explica que seu tio faleceu. Está livre do paredão do mês dos perdedores. Jacob é o porta-voz do luto do Club.

De repente começa-se a discutir os vídeos do blog, que não estão sendo muito comentados. Chantal acaricia os cabelos de Patrícia, que sente um arrepio na nuca. Sua caligrafia fica ainda mais disforme. Chantal fala sobre possíveis escolhas de leitura para o mês d’O Grande Assombro e todos se assombram quando ela diz a palavra “Chinesa” junto ao nome de Balzac. O Club é brasileiro e não desiste nunca e aceita a sugestão de Mlle. Chanti.

Pat vê que a meia de Lúcifer é muito, muito feia.  Chantal fala de um risoto de um ano atrás. Van está ácida. Ela não está doente hoje. Van e Li cochicham e Lúcifer ri. Chan e Rimkus ficam muito bem de blusa de vovó. Lurian quer ir ao toilette e Van não deixa: Lurian dá um selinho em Van. Muitas pessoas do Club têm 24 dedos pintos amantes anos. Fred está empolgado com a estoniana, e Príncipe diz “Que venha a copa!”.

Veja, Lula, Globo, Netinho.

Colírio aluncinógeno? Tampax com vodka?

O bolo berries de Marcos é melhor que sexo sonhar com nuvens de algodão. Todos se excitam. Van fala algo em tom de tango sertanejo. Fred comeria Justin Bieber. Rimkus penteia os cabelos com o garfo. Karatê Kid é foda.

Van penteia a foda de Karatê Kid no tango do bolo. Rimkus sonha que Bieber come berries com garfo. As nuvens de todos os sertanejos excitam melhor. O sexo de Marcos é comer algodão.

Patrícia acha que são onze horas, mas são dez. Que bosta, poderia ter ficado mais. Despede-se e recomenda que Fred vá assistir ao filme Nosso Lar com Redbee. Vai-se embora para Cotia pensando em Petrelli.

Frases da noite:

“Eu comi Amora” (…) ”meus dedos estão manchados de Amora”

“Segue sua nau”

“Esmalte e peguetes são proibidos”

“Cada país tem os Beatles que merece”

“Isso não é meu peito”

RENDEZ-VOUS du Club dans le métro? VOTEZ!

aquele 28 de agosto.

Alucinando Foucault

Patrícia Duncker

sexto livro do Club

Data da reunião: 29/8/2010

Nota média dada pelos integrantes: 7,78

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Pode-se dizer que a reunião se iniciou como de costume. Ou conforme o esperado: com Mário Henrique Jacob explicando, rapidamente, o porquê de sua escolha. Ele tinha tomado conhecimento do livro-símbolo do mês do desgosto havia algum tempo – desde 2004, quando o comprara numa feira louca da usp e vidrara-se nos temas abordados. “Vertiginoso”, comentou.

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[Tais temas centrais, porém, obsessão e  loucura (e homossexualismo, como lembrou Fred), aparentemente são do interesse de vários do Club, não só de Mário. Sim, eles fizeram parte da reunião dominical.]

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Lílian adorou, achou animal e tinha feito bastante propaganda.

Fred não gostou, detonou, achou quadrado e criticou dizendo que deveria ser mais intelectualizado, propor discussões. Achou que mon petit é ridículo. É, Fred radicalizou e foi radicalizado – foi até acusado de ter coração de pedra.

Patrícia relacionou o protagonista a C., um velho conhecido.

Alguns membros do Club não leram, outros não terminaram, outros mantiveram-se no muro.

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A conclusão unânime foi de que o final é gratuito e de que o texto poderia ter sido editado a partir da conversa na praia.

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Houve ainda uma promessa de Fred Kling de postar mais no blog.

Firmou-se um acordo assinado entre mim, Redbee, Lírian e Jacob sobre presenças nas reuniões e direitos de autor.

E Danessa finalizou reiterando uma frase escutada:

“a gente não acredita, mas insiste”.

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O que realmente importa disso tudo?

Que mês que vem falaremos sobre a História do Pranto e que o ar terá aroma floral.

.o livro enquanto objeto, por ironia fina.

ah, um clube de livro não deveria limitar-se ao tratamento do texto, a discutir ideias literárias e/ou filosofias. levando em consideração que o processo de um livro envolve muito mais e que nós discutimos durante aproximadamente cinco minutos em cada reunião, esse miniartigo propõe serenamente que os títulos escolhidos sejam discutidos de maneira mais ampla e com novos olhares.

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discutamos a editora responsável, o material, debatamos sobre a apresentação geral do objeto, o design, falemos sobre quarta-capa, exposição em livraria e afins.

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forma e conteúdo.

porque beleza importa.

e inteligência é fundamental.

ATA – du III MAGNIFIQUE RENDEZ-VOUS do Club du Livre. Liberté, égalité, fraternité & libertinage.

A 3ª magnífica reunião do Club du Livre teve início às 17:00 do magnânimo dia de três estrelinhas, também conhecido pelo vulgo como 22 de maio. Além do motivo de homenagear a literatura, a amizade e o consumo de álcool não-combustível, esta reunião também se prestou à celebração do aniversário de nossa querida Imperatriz Mestre do Multiverso Líder do Club, a Grande Timoneira Lílian Melim.

Não, é mentira. Não começou às 17. Começou às 20. Mas as pessoas chegaram mesmo às 18:30.

A discussão começou com Vanessa refletindo a respeito de sua escolha.  «Queria escolher um livro legal e curto. Diria que minha metade má gostou muito de quando ele sai pela fôrette cortando as coisas pela metade. É um livro alegórico, cheio de mensagens cifradas e subliminares.»
Neste momento, Rimkus decide, por sua própria conta e risco salpicar a assembléia com citações do livro (as citações foram perdidas no espaço e no tempo. Dizem que pessoas com memória melhor – ou com uma letra mais legível – seriam capazes de lembrar. Dado o nível de magia E álcool da noite, eu DUVIDO).

Marcos, sempre elegante, afirma que gostou muito porque o livro reflete, de um modo muito apropriado, a situação de LOST na sexta temporada, demonstrando claramente que na verdade somos todos metade boa e metade ruim.
Lílian pediu a frase V da página XXV – Rimkus leu: «A Metade».
Jacob se complica ao  afirmar ter gostado do livro apesar do conflito das metades que o fazem ter uma idéia maniqueísta das pessoas, que são sempre boas ou ruins. Todos se revoltam contra Jacob que, ao final de tudo, admite não saber ler. Provavelmente vai admitir um dia que também não sabe escrever – o que dizer, então, de tomar notas e redigir atas fiéis aos acontecimentos.
Muito apropriadamente ao espírito da noite, resolveu-se então aplicar testes de Rohrschach – Borrões duplos, uma metade boa e outra totalmente má – aos membros presentes do Club. Os resultados foram desanimadores – e muitos teriam sido levados a ter a uma vida de retiro e reflexão nas montanhas e vales que rodeiam a Colônia (de férias) Psiquiátrica do Juqueri, supervisionados por amáveis enfermeiros.

Para a pergunta «O que você vê nesta imagem?» as respostas foram:

Vanessa: 2 asas ou 2 olhos bravos (o que indica algum trauma na fase oral da primeira infância e uma personalidade com um bom grau de auto-confiança)

Marcos: 2 casulos ou 2 asas representando um anjo segurando duas armas (o que indica um trauma leve na fase anal da primeira infância e uma personalidade segura e bem resolvida)

Frederico: 2 pés sujos (o que indica uma tendência a manter a mente nas nuvens e os pés como raízes, como um homo-barroco)

Patrícia: 2 corujas (o que indica uma tendência séria à leitura de obras de cunho fascista que pode ser tratada terapeuticamente por oráculos e florais (mas que pode ser agravada por livros de auto-ajuda))

Lílian: 2 raízes (o que indica algum tipo de perversão que só vem à tona com quantidades absurdas de álcool – ou outros estimulantes/depressores do SNC) O Fundo do mar (o que indica uma personalidade profunda, que sonha em termos líquidos e mutáveis com grandezas infinitas e inalcançadas. Alguns diriam que é uma personalidade megalomaníaca. E daí? Pessoas megalomaníacas estão entre as mais interessantes do mundo. Megalomaníacos famosos: Elvis Presley, Michael Jackson, Jim Morrison, Napoleão Bonaparte, Jânio Quadros, Gaudí, Ayrton Senna, Jack Daniels, Jesus Cristo, Capitão Caverna, Shiva, Dilson Funaro, Penélope Charmosa, Gargamel, José Sarney (do mal, seu nome sempre precisa ser riscado como forma de exorcismo), Jorge Amado, José Serra, Camila Parker Bowles, Abedi Pelé, Nero, Jean Paul Sartre, Heitor Penteado, Clara Averbuck (não, ela não é famosa), John Lennon (bigger than Jesus), Neymar, Alexandre Pato, Ronaldo, Ronaldinho, Ronaldo Jr., Robert Downey Jr., Spiderman, Akhenaton, Ramses II, Zoroastro, Martin Luther King, Bono Vox, Clark Gable, Malu Mader, Marlene Dietrich e Chrysthina Kirchner).

Rimkus: 2 pássaros dormindo sentados (o que indica uma personalidade desviada, com tendência séria, importante, à psicopatia e à sociopatia, com graus variados de violência e crueldade, sem possibilidade alguma de redenção)

A opinião de Fernanda não foi obtida porque a menina só chegou mais tarde.

As opiniões do Prnzip e Chantal não foram obtidas porque faltaram à reunião mais importante do ANO do Club do Livro.

A assembléia foi então reunida para duas votações importantíssimas:
1) Nota do Livro
2) Punição à Chantal e Prnzip

1- Nota do livro (média final, porque as notas individuais se tornaram ilegíveis com a chuva que transformou as cédulas de votação em papel para reciclagem): média 7 e 47 + 1 pintinho (inteiro) –  acima da nota de 4.8 que
o livro do fred recebeu)

2- Reunida em assembléia, a congregação dos membros do clube do livro congregados num corpo sólido, maciço e penetrante decidiu estabelecer como pena para Chantal e Prnzip, por sua ausência má e porcamente justificada a penalidade mínima de:
Chantal: Dançar, vestindo APENAS polainas, um dos sucessos de Beyoncé ou Lady Gaga.
Prnzip: Fazer um pirocóptero, usando APENAS uma cueca de elefantinho acompanhando a performance de Chantal.
A ser cumprida na próxima reunião do Club.

Patrícia, depois de correr maratonísticamente pelo apartamento e ter tentado (sem muito sucesso) acordar o primogênito de marcos e (ave, ave) Lílian deu o primeiro escândalo E-S-C-Â-N-D-A-L-O do club ao desmaiar vergonhosamente pouco antes de acenderem as velinhas e cantarem parabéns.

Por fim, Lílian, Pernanda e Kacobi fora jogar «EU NUNCA», um jogo insensato que deveria ser proibido.

E foi assim que a noite e a reunião acabaram.

Todos vivos e mais felizes.

Pré-relatório da reunião de 22 de Maio

(o relatório mesmo vem em três ou quatro dias)

Went to a party
I danced all night
I drank 16 beers caipirinhas gin tonics and straight vodkas
And I started up a fight tried to wake Theo up

But now I am jaded
You’re out of luck
I’m rolling down the stairs
Too drunk to fuck

Too drunk to fuck
Too drunk to fuck
Too drunk, to fuck
I’m too drunk, too drunk, too drunk
To fuck

I like your stories
I love your gun
Shooting out truck tires
Sounds like loads and loads of fun

But in my room
Wish you were dead
You ball like the baby
In Eraserhead

Too drunk to fuck
Too drunk to fuck
Too drunk, to fuck
It’s all I need right now
Too drunk to fuck

Too drunk to fuck
Too drunk to fuck
Too drunk, to fuck
I’m sick soft gooey and cold
Too drunk to fuck

I’m about to drop
My head’s a mess
The only salvation is
I’ll never see you again

You give me head
It makes it worse
Take out your fuckin’ retainer
Put it in your purse

I’m too drunk to fuck
You’re to drunk to fuck
Too drunk to fuck
It’s all I need right now Oh baby
I’m melting like an ice cream bar
Oh baby


ATA da II Reunião do Club du Livre

Prometia ser uma noite como qualquer outra. O caminho até Chez Danessa era árduo – mas subir a montanha tem suas vantagens. O ar lá no alto é mais rarefeito e saudável, o ponto de vista é de domínio sobre a cidade. Mas antes, eram necessários víveres. Quem se dispõe a pensar e pensar e repensar não pode descuidar dos prazeres corpóreos – e foi com esse espírito que Marcos e Prederico fomos à caça. Caçamos pães e patês – porque esse é o papel do macho-predador no século XXI: caçar comida em supermercados e padarias. A coleta é coisa de fracos, metrossexuais e loseres afins. Já ir às compras é coisa de mulherzinha. Mulher do padre.

Com o farto butim carregado por nossos braços fortes, mãos amigas, finalmente subimos a Montanha Mágica, Chez Danessa. Prometia ser uma noite como qualquer outra. Entre as nuvens, a doçura e suavidade maternais de Lílian e Danessa nos aguardava no sofá. Era uma noite de impostos de renda preta, muito muito insinuantes. Todos nos surpreendemos em face da inação da população brasileira, claramente conservadora, frente a uma renda preta tão obscena.

A discussão do livro do mês, «A Metafísica dos Tubos» começou quando nós homens machos predadores ainda estávamos no sofá. Rapidamente, entretanto, as gurias, plenas de perspicácia observaram-se excluídas da conversa – e trataram de seduzir os homens para a mesa, onde, de um modo mais apropriado todos se sentaram, contentes, em suas posições de sempre.

Theo, um pequenino herói imberbe decidiu que queria comer todos os patês do mundo. O pequeno Tubo não se fartaria tão cedo – e comeria mais do que Danessa e Lírian juntas. Afinal, todo Tubo vazio que se preze DESEJA ser preenchido. E foi dessa observação que iniciou-se

A DISCUSSÃO.

Ao início, tudo era treva. E a voz de Lírian ressoou pela escuridão:

“Escolhi a Metafísica dos Tubos porque gosto muito da Autora. Já li seis livros dela – e a conheci entre Paris e Bruxelas. Juntas comemos chocolate branco belga e um mundo novo se descortinou ante meus olhos. Pude observar cores antes não vistas, senti coisas antes melhor não sentidas, tentei coisas antes que o dia terminasse – e terminamos nos comunicando tão bem que a leitura da Metafísica dos Tubos me pareceu o mais correto a fazer.”

Prederico gostou da atitude de Lírian e perguntou se ela era tão feia, na vida real, quanto na segunda orelha da edição brasileira do livro.

“Bem, ela certamente não é tão bonita quanto a foto na capa da edição francesa. E houve uma época em que ela era realmente bela. Mas hoje seus traços não são tão refinados quanto sua escrita. E o chocolate branco belga certamente faz muito para que gostemos mais dela pessoalmente do que apenas a observação de seu perfil permitiria. O que percebi com mais clareza é que a água é um tema recorrente em seus escritos.”

Kakob notou que a água é frequentemente associada ao subconsciente – o que encaixa com a idéia e a proposta do pai que cai em um bueiro aberto – Uma viagem ao subconsciente da garota que, mesmo perdida em seus devaneios, termina por dizer à mãe que o pai está trabalhando… no consulado, sob as águas.

Prederico concorda com isso e elogia as divagações metafísicas, sofisticadíssimas, através de uma percepção única, aos olhos de um TUBO, de tudo o que é corriqueiro e mundano. Uma grande arte.

Markos esperava mais. Danessa diz que Markos esperava um livro pretensioso – mas que a Metafísica é despretensiosa mesmo.

De modo interessante, Markos explica seu ponto de vista e sua decepção dizendo  que apesar de gostar do fato de que a Autora “descobre o mundo” à medida que nomeia as coisas – i.e., as coisas passam à existência a partir do momento que ganham nomes – se sentiria mais viril se Nothombe fosse mais ponta firme com relação a essa porção da narrativa, se aprofundando mais nesse aspecto.

A MORTE? A MORTE ERA O TETO

Por fim, apesar de algumas pequeninas divergências menores do que a Nina, todos concordaram em gênero, número e grau: Um Puta de Um Livro, excelentemente bem escolhido e que tirou, de todos, a má-impressão causada pela escolha anterior do Membro de Prederico Kling.

Em uma boa história, as coisas nunca são exatamente aquilo que parecem. A boa história é esfíngica, labiríntica, oculta. É a promessa da revelação de um segredo mais profundo. Ela te acompanha quando vc pega um ônibus. Ela sobe escadas a seu lado. Ela perturba seu sono. Ela se faz crer no que é impossível e se faz inverossímil no que é trivial. A boa história não fica apenas nas entrelinhas ou nas possibilidades interpretativas. A boa história é a história de nossas vidas, é a máscara que colocamos.

Uma semana depois da Reunião ainda comentávamos o Livro, ainda pensamos nele. Ele não nos deixa em paz. Depois de uma semana, ainda temos o alto da montanha na cabeça.

Notas:

Lílian – 9.0

Danessa – 9.5

Prederico – 8.75

Markos – 8.0

Kakob – 8.5

Média: 8.63

Para comparação, a média obtida pelo livro de Prederico, na última reunião foi de: 4.8

Relatório da Reunião de 21 de março de 2010

Iniciou-se a reunião com Frederico Kling explicando gentilmente as razões para ter escolhido   A  P I S T A   D E   G E L O.

“Eu escolhi   A   P I S T A   D E   G E L O   porque é de um puta de um autor bom pra caralho, já havia lido  N O T U R N O   N O   C H I L E   e outras resenhas e todo mundo falava muito bem dele e acabei escolhendo esse aí pra todos nós lermos. Infelizmente, vocês filhos da puta não leram o livro inteiro e agora estão aí me criticando pela escolha. O livro nem é tão ruim assim. Só acho que ele deveria variar mais a voz dos personagens.”

Vanessa interrompeu e partiu em defesa do autor, afirmando que ele… (whatever).

Lílian detestou o livro – já Marcos acredita que faltou profundidade emocional e na caracterização dos personagens (com o que Vanessa discordou profundamente).

Rimkus não leu o livro (ou leu só o comecinho?) e disse que o autor teria muito a melhorar, se ainda estivesse vivo.

Fernanda chegou atrasada e disse que as vozes dos personagens são todas iguais.

Por fim comemos pastéis, kibe e frango a passarinho. Não houve baixas nesta reunião.